A Lua Cheia de Gouranga!


Estamos fechando um ciclo muito importante do ano. Nesta lua cheia, dia 08 de março de 2012, é celebrada a lua de Gouranga, o Senhor Dourado. Para milhares de pessoas, a data marca a virada do ano, o início de um novo ciclo.
Para todo buscador sincero da verdade e seguidor fidedigno dos princípios da Yoga Universal, torna-se imprescindível a aproximação com a concepção da dança ambrosíaca do amor divino revelada por Sri Chaitanya Mahaprabhu, conhecido como Sri Gouranga, o Senhor Dourado.
Nascido próximo do ano de 1500 no distrito de Mayapur, na Bengala Ocidental, Mahaprabhu tornou-se conhecido desde jovem por sua presença brilhante e sua inteligência e erudição extraordinárias. Com apenas vinte anos de idade já era capaz de derrotar renomados doutores acadêmicos, profundamente conhecedores dos vedas e das escrituras sagradas. Com vigor estabeleceu a supremacia de Bhakti, ou o caminho do Amor e da Devoção ao Senhor Krishna sobre todas as tentativas especulativas da concepção impersonalista que fortemente vigorava em toda Bengala desde os tempos de Shankaracharya.
Mahaprabhu apresentou o teísmo plenamente desenvolvido ao revelar ao mundo a beleza e a doçura do Krishna Prema, ou amor divino. De acordo com essa revelação, o Senhor Supremo Sri Krishna, antes de mais nada, é Govinda, o protetor das vacas. O encantador de todos os cupidos, o bem amado da terra de Vraja, aquele que concede os desejos mais íntimos da alma espiritual e que tem como representação máxima do amor, do afeto, da entrega e da dedicação exclusivas, a Sua metade predominada, conhecida como Srimati Radharani. A contemplação e a participação nos passatempos transcendentais amorosos de Sri Sri Radha e Krishna constituem, dessa maneira, o sumum bonum de toda realização espiritual, sendo a meta máxima a ser alcançada pela alma Jiva em sua trajetória pelos diversos planos da existência.
De acordo com a verdade revelada pela linhagem dos mestres Vaisnavas, Sri Chaitanya Mahaprabhu é a personificação do amor de Radha por Krishna, por isso sua aura dourada. É Krishna buscando experimentar os sentimentos mais profundos de Radha em sua busca incessante pelo Seu amado. E por isso se explica suas constantes convulsões extáticas, apresentando sintomas incomuns de sublime encantamento e intoxicação no néctar dos Santos Nomes de Deus.
Além de tudo, Mahaprabhu é a personificação do Hari Nama Sankirtana, ou o Canto Congregacional dos Santos Nomes. Essa era sua principal pregação. Reunia seu grupo de seguidores e saía de casa em casa pedindo para as pessoas cantarem os Santos Nomes de Deus. Revelou às massas o Maha Mantra Hare Krsna Hare Krsna Krsna Krsna Hare Hare Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare onde está contido todo o mistério dança amorosa do Casal Divino. Viajou por toda a Índia espalhando o seu movimento. Realizou feitos inéditos mobilizando San Kirtanas que reuniam milhares de pessoas que, como abelhas intoxicadas com as gotas de mel que se espalhavam pelas dez direções, cantavam em êxtase as Glórias do Senhor.

Passou os últimos anos de sua vida recolhido na cidade de Jaganath Puri, onde vivenciou profundamente as dores da separação de Sri Radha, levando à intensidade máxima o fogo ardente do Krishna Prema, derramando no mundo a potência máxima do despertar e da realização espiritual, sendo por isso chamado por Srila Shridhar Maharaj de o Vulcão Dourado do Amor Divino.
Entremos em conexão, de mão postas, com atenção, afeto e devoção. Com profunda humildade, sinceridade e respeito cantemos o Nome de Gouranga e tudo que no mais íntimo sempre ansiamos, virá até nós!

Todas as Glórias a Sri Guru e a Sri Gouranga!
Todas as Glórias ao meu bem amado Gurudeva Srila Govinda Maharaj!
Todas as Glórias a Srila Shridhar Maharaj!
Todas as Glórias ao Sri Chaitanya Saraswat Math!
Todas as Glórias ao Seu Acharya Maharaj!

Janmastami: o Dia de Krishna

No mês passado foi celebrado por toda a Índia e pelo mundo o dia do Aparecimento Transcendental do Senhor Krishna. É para milhões de pessoas o dia mais importante do calendário.

O advento de Krishna no planeta abre para nós a possibilidade de acessar as camadas mais refinadas da realidade espiritual. Também conhecido como Govinda, o Senhor das Vacas, Ele vem nos revelar aquilo que de mais encantador pode existir em todo o universo. Imaginemos a beleza, o amor, a doçura, o charme e o êxtase personificados e poderemos ter alguma ideia do que representa a pessoa de Krishna no mundo da fé.

É o encantador de todos os cupidos, o Todo-Atrativo, aquele que encanta os três mundos com as doces melodias de sua flauta. É o Senhor Primordial, Deus na sua forma original, despojado, afetuoso com os seus devotos e amigos, eternamente brincalhão e pleno de passatempos amorosos.

Cada gesto, movimento, adorno que se relaciona com Ele é capaz de produzir ilimitadas ondas nectáreas que invadem todos os universos!

Abrimo-nos para o contato com essa sublime realidade, deixemo-nos que Ele toque nos nossos corações e veremos limpo o espelho da nossa mente e extinto o fogo das misérias materiais que nos rondam constantemente.

Sri Krishna Bhagavan Ki Jay!

As 25 Qualidades Transcendentais de Srimati Radharani

De acordo Sri Ujjvala Nilamani de Srila Rupa Gosvami, podem ser observadas as seguintes qualidades transcendentais de Srimati Radharani:


As vinte e cinco principais qualidades transcendentais de Srimati Radharani são: (1) Ela é muito doce, (2) é sempre viçosamente jovem, (3) possui olhos inquietos, (4) sorri radiantemente, (5) possui linhas belas e auspiciosas, (6) faz Krsna feliz com Seu aroma corpóreo, (7) é muito perita em cantar, (8) Sua fala é encantadora, (9) é muito perita em brincar e falar de modo aprazível, (10) é muito humilde e meiga, (11) é sempre plena de misericórdia, (12) é esperta, (13) é perita na execução de Seus deveres, (14) é tímida, (15) é sempre respeitosa, (16) é sempre calma, (17) sempre grave, (18) é destra no desfrute da vida, (19) situa-Se no mais elevado nível de amor extático, (20) é o reservatório dos assuntos amorosos de Gokula, (21) é a mais famosa entre todos os devotos submissos, (22) é muito afetuosa para com pessoas mais velhas, (23) é deveras submissa ao amor de Suas amigas, (24) é a gopi principal e (25) sempre mantém Krsna sob Seu controle. Resumidamente; assim como Krsna, Srimati Radharani possui ilimitadas qualidades transcendentais de forma, mente e palavras. Essas qualidades transcendentais são todas manifestas em Srimati Radharani e podem ser claramente vistas nEla. A expressão completa das mesmas não pode ser vista em ninguém mais.


Radhastami

Que toda a auspicosa recaia sobre nós!

Nesse mês de setembro foi celebrado o dia do aparecimento transcendental de Srimati Radharani, a companheira eterna do Senhor Krishna.

O que poderia eu dizer a respeito de Radharani? Ela é o objetivo último de todo buscador sincero da verdade. Aprendemos com os mestres Vaisnavas que a Verdade Absoluta é, em última estância, representada pelo casal adorável: Sri Sri Radha Govinda.

Ela está ao lado dEle. Ela conhece cada um dos seus segredos. Ela desconhece tudo aquilo que não se refere à satsifação plena do Centro Absoluto. Somente Ela pode nos conduzir ao centro te toda satisfação, somente por meio de Sua potência inconcebível podemos adentrar no fluxo eterno e extático do serviço transcendental amoroso a Krishna.

Oremos com sinceridade aos Pés de Lótus de Sri Radhika! Oh! Mãe adorável, nos prostramos tal qual uma bastão perante os servos de seus servos! Quem sabe um dia teremos um vislumbre real da beleza e doçura inconcebível que flui da poeira de Seus Sagrados Pés?

Srimati Radharani Ki Jay!

A Lua Cheia de Balarama


Na lua cheia de agosto comemora-se na Índia o dia de Balarama. É a noite toda-auspiciosa durante a qual é despejada sobre nós uma chuva nectárea de bênçãos espirituais, capazes de conduzir as almas sinceras ao encontro do Supremo.

Balarama manifesta-se na Terra como o irmão mais velho do Senhor Krishna, com quem desfruta passatempos eternos, doces e sublimes, ao lado dos seus amigos vaqueiros de Vrndavana!

No mundo espiritual, Balarama manifesta-se como o poder espiritual que sustenta toda a Realidade Eterna. Absolutamente tudo o que se manifesta no plano espiritual é uma expansão de Balarama que, com sua potência inconcebível, coloca cada partícula de poeira a serviço do Supremo Senhor Krishna.

É dito que até mesmo a energia material é transformada pelo poder espiritual de Balarama quando colocada a Serviço do Supremo.

Convido então a uma reflexão nesses dias que arrodeiam essa lua tão auspiciosa e que no íntimo de cada um possa se dar esse entendimento fino, que descortina o véu de Maya e nos conduz à percepção da Doce Realidade Espiritual.

Desaparecimento de Srila Shridhar Maharaj

Uma postagem em homenagem ao dia do Desaparecimento do Magnânimo Mestre Espiritual Srila Sridhar Maharaj:

Por Sua Divina Graça Srila Bhakti Sundar Govinda Dev-Goswami Maharaj:

" Expandindo a este mundo os seus passatempos e como salvador dos caídos, o Senhor libertou todas as almas sofredoras, incluindo a mais desafortunada.

Contemplando sua sagrada forma de misericórdia concentrada, as almas afortunadas caem desmaiadas no êxtase do amor divino.

A beleza sem par de sua forma, deslumbra em seu brilho; na benevolência de seu nobre coração e no brilho lunar da doçura do amor.

Gênio, afeição, gravidade e magnanimidade inconcebíveis - um trovão destroçando o saber mundano, o reservatório que concede a santidade.

Seus pés são refrescantes como dez milhões de luas - em seu serviço deposito toda fé; um dia, por sua grça beberemos o néctar dos passatempos de Radha-Govinda."



Todas as Glórias a Sri Guru e Gouranga!

"Sri Chaitanya Mahaprabhu veio para nos direcionar rumo ao nosso verdadeiro interesse interno: Você não conhece o seu próprio coração. Você é um estrangeiro no seu coração e pelo que ele clama. Existe uma riqueza dentro do seu coração - tente encontrá-la: elimine as coisas estrangeiras e encontrará o seu coração como sendo um templo de Krishna. Com auxílio do guia apropriado, busque no seu próprio coração e você encontrará Krishna lá.Isso não é algo estranho para você. Todo Coração é um templo do Senhor. É sua propriedade, sua morada. De volta a Deus, de volta ao Lar."
Das Instruções Nectáreas do Guardião da Devoção

Sequência para prática de Asanas


Os asanas (pronuncia-se ássanas), são a parte mais conhecida da Yoga no ocidente. São as famosas posturas psicofísicas, aliadas importantes daquele que deseja progredir no caminho do auto-conhecimento.

No nível físico, os asanas promovem a saúde de todos os sistemas orgânicos, aumentando a imunidade, a capacidade digestiva e respiratória. Regulam as funções hormonais, restabelecem e protegem o sistema nervoso, fortalecem os ossos, dão firmeza e resistência aos músculos, promovem a saúde das articulações aumentando a flexibilidade do corpo, e favorecem a eliminação de toxinas pelo sistema excretor, trazendo para o corpo vitalidade e beleza.

No nível energético, os asanas promovem a livre circulação do prana por todo o corpo, ativando os chacras, desobstruindo os canais de energia e estimulando os vayus. Permitindo com que o praticante leve a consciência para cada parte do corpo.

No nível psíquico, os asanas trazem clareza e vigor mental, eliminando as distrações e o conseqüente desperdício de energia. Além disso, proporcionam conforto e bem-estar eliminando estados mentais como desânimo, depressão, desamparo, desespero, fadiga crônica, síndrome do pânico, melancolia, raiva, mágoa, ressentimento e rancor.

Entretanto, os asanas são apenas uma das ferramentas que a Yoga oferece no caminho de auto-conhecimento e auto-realização. Seria ingênuo afirmar que somente com a prática de asanas é possível remover todos os obstáculos que se colocam no caminho do praticante. O que eles oferecem é uma resistência física maior, e uma mente mais focada e estável para que a pessoa siga com mais conforto e determinação na sua busca por livrar-se das amarras mundanas e retornar à Deus, o Absoluto, a Suprema Realidade Original.

Como dito anteriormente, a prática de asanas deve ser feita com muita atenção, observando as mudanças na respiração e mantendo uma mente atenta. Lembramos que o prana é o veículo da consciência, e dessa forma, onde há consciência há energia. Portanto quando levamos a nossa atenção a uma parte qualquer do corpo, o prana flui naturalmente para ali. Maior benefício trará a prática de asanas se em cada postura o praticante estiver consciente do seu corpo como um todo. Essa atitude fará também com que o praticante respeite os seus limites evitando lesões e desgastes desnecessários enquanto pratica os assanas.

Podemos dividir os asanas em oito categorias diferentes:
1- posturas em pé: fortalecem e alongam as pernas, equilibram, centralizam e fortalecem o tronco. Ex: tadasana, chandrasana, virabhadrasana.

2- posturas de equilíbrio: fortalecem as pernas, centralizam o corpo, proporcionam equilíbrio e firmeza para o corpo e para a mente. Ex: vrksana, natarajasana.
3- posturas de equilíbrio dos braços: fortalecem os braços e o peito, proporcionam equilíbrio e firmeza, desenvolvem determinação e perseverança. Ex: kakasana.
4- posturas de abertura de quadril: alongam as pernas, melhoram a circulação sanguínea na região do quadril, regulam distúrbios menstruais e sexuais, preparam a gestante para um parto melhor. Ex: baddha konasana, upavista konasana.
5- posturas extensão: melhoram a atividade respiratória, ativam os chacras, previnem cardiopatias, aumentam a flexibilidade da coluna, trazem vitalidade para o corpo ativando o prana vayu. Ex: ustrsana, dhanurasana, purvotanasana, chacrasana.
6- posturas de flexão para frente: regulam e revitalizam o sistema digestivo, aumentam a flexibilidade da coluna, eliminam tensões e dores nas costas, promovem a circulação de energia na região do quadril, alongam a parte posterior das pernas, prevenindo varizes. Espantam estados de fadiga crônica, depressão e desânimo. Ativam o apana vayu. Ex: paschimotanasana, uttanasana, vraja yogasana, janu sirsasana.
7- posturas de torção: atuam na desintoxicação do organismo e são extremamente importantes para a saúde das vértebras. Ex: matsyendrasana, mricyasana.
8- posturas de inversão: ajudam no retorno venoso, melhorando a circulação do sangue e a atividade respiratória, previnem varizes, regulam a atividade hormonal, principalmente da glândula tireóide. Favorecem a memória e o bom funcionamento do cérebro. Ex: salamba sarvangasana, sirsasana.

Recomenda-se que o praticante equilibre sua prática buscando incluir posturas de diferentes categorias.

SEQUÊNCIA BÁSICA PARA A PRÁTICA DIÁRIA:

1 – Abertura da prática: inicie com uma pequena meditação. Coluna ereta, cabeça alinhada, ossos das nádegas no chão, atenção no momento presente, ouça os sons à sua volta. Pratique a respiração completa com ujjayi pranayama e depois nadi sodhana. Entoe o mantra “Om” por três vezes;

2 – Tadasana (postura da montanha): de pé, corpo equilibrado, pés juntos, peso distribuído igualmente nos dois pés, coluna ereta, peito projetado pra frente, energia ascendente da base da coluna até o topo da cabeça, respiração completa, corpo imóvel como uma montanha. Permanência de 2 a 3 minutos.

3 - Padasana (postura da oração): a partir da postura da montanha, posicione as mãos unidas na altura do peito, mantendo a estabilidade e o equilíbrio da postura. Inspirando pode-se elevar as mãos acima da cabeça permanecendo nas pontas dos pés, fixando a atenção em um ponto. Expirando vai desenhando um círculo bem aberto em torno de si mentalizando um círculo de luz à sua volta.

4 – Movimento do elefante: mantenha as pernas um pouco separadas e, abrindo os braços, gire o tronco para direita e para esquerda deixando que o peso dos braços realize a torção na coluna. Cada expiração torça o corpo para um lado.

5 – Chandrasana (postura da lua): com as pernas um pouco abertas, inspire erguendo o braço direito até acima da cabeça. Expirando deixe o braço direito cair para o lado esquerdo, inclinando também o tronco e o pescoço. Sinta o alongamento lateral do corpo mantendo uma respiração calma e constante. Mantenha-se por 30 segundos a um minuto. Inspirando retorne a posição inicial e repita a postura para o lado oposto.

6 - Virabhadrasana II (postura do guerreiro II): separando bem as pernas e os braços, expanda o tórax. Respire profundamente. Gire o pé direito 90 graus para a direita, o pé esquerdo um pouquinho. Estique bem os braços, expire e vá dobrando a perna direita o máximo que puder até a coxa permanecer quase paralela ao chão. Não deixe que o joelho direito se projete à frente do tornozelo. Mantenha o tronco firme e estável na posição ereta, sem inclinar. Respire normalmente e mantenha uma atitude de determinação. Inspire e estique o joelho até as duas pernas estarem novamente esticadas. Repita o movimento para o lado oposto.

7 – Vrksasana (postura da árvore): retorne à postura da montanha e, mantendo a atenção focada em um ponto fixo, levante a perna esquerda, concentrando o peso do corpo na perna direita. Apóie o pé esquerdo na coxa direita, inspire e levante os braços acima da cabeça, mantendo as mãos unidas, sem criar tensão nos ombros. Permaneça por cerca de um minuto e retorne à postura da montanha. Equilibre a respiração e repita a postura sobre a perna esquerda.

8 – Uttanasana (postura intensa): a partir da postura da montanha, expire e deixe o corpo cair para frente descontraindo os ombros e as costas e alongando a parte posterior das pernas. Apóie os pés de forma uniforme no chão e mantenha as pernas esticadas na posição vertical. Permaneça de três a cinco minutos na posição, deixando os braços e o pescoço bem descontraídos.


9 – Dandasana (postura da bengala): a partir de uttanasana, flexione as pernas e repouse a base da coluna no chão. Estique as pernas para frente, mantendo os pés apontando para cima. Coloque as mãos ao lado do quadril e, com os braços esticados ao longo do tronco, mantenha a coluna estável, em um ângulo próximo a 90° em relação às pernas, peito e ombros abertos.

10 - Janu Sirsasana (postura da cabeça no joelho): em dandasana, flexione a perna esquerda colocando a sola do pé junto à parte interior da coxa, próximo ao períneo. Expirando incline o tronco para frente na direção da perna esticada. Os braços esticam-se para frente de forma que as mãos toquem, ou se aproximem do pé direito. A coluna se flexiona naturalmente. Mantenha os ombros e pescoço bem descontraídos. Permaneça respirando calmamente por cerca de um minuto. Inspire, erga o tronco na posição ereta, estique a perna esquerda, realize a postura da bengala e em seguida repita a postura com a outra perna dobrada.

11 - Baddha Konasana (postura do ângulo enlaçado) em dandasana traga os pés juntos até o períneo, deixando os joelhos caírem para os lados. Inspire, erga a cabeça para cima e projete o peito para frente. Expire e flexione a coluna para frente, soltando o peso do corpo sobre as virilhas. Aproxime o máximo a cabeça dos pés e as coxas do chão. Inspirando erga o tronco novamente e abrace as pernas, juntando os dois joelhos.

12 - Utkasana (postura de cócoras): apóie as mãos no chão e retire o quadril do chão, mantendo, se possível os pés completamente apoiados no chão. Se não puder pode ficar na ponta dos pés. Permaneça de um a três minutos na postura de cócoras, favorecendo o bom funcionamento dos intestinos.

13 - Kakasana (postura do corvo): apóie os joelhos nos cotovelos e concentre o peso do corpo nos braços, mantendo-se na ponta dos pés. Com o tempo pode-se arriscar a tirar os pés do chão apoiando-se apenas nos braços. Permaneça na postura o tempo que conseguir, mantendo a respiração estável.

14 - Paschimottanasana (postura do intenso estiramento do oriente): a partir da postura da bengala, inicline o tronco para frente com uma expiração, aproximando as mãos dos pés. Mantenha a respiração normal enquanto permanece na postura realizando uma flexão total da coluna para frente. Inspirando retorne à postura da bengala. Permaneça de uma a três minutos na postura.

15 - Purvotanasana (intenso estiramento do leste): a partir da postura da bengala, leva-se as mãos (encostando no chão) para trás do corpo. Inspirando erga o corpo todo do chão, procurando manter toda planta dos pés no chão. Umbigo pro céu, cabeça levemente inclinada para trás. Procure abrir bem o peito e os ombros e fortaleça os músculos do abdômen. Permaneça entre 30 segundos a um minuto na postura.

16 - Torção Simples: mantenha a postura da bengala. Erga os dois braços acima da cabeça expirando gire a coluna para a direita e leve o braço direito para trás do corpo e o braço esquerdo ao lado da coxa direita. Mantendo as mãos no chão realize uma torção maior na coluna a cada expiração. Permaneça um minuto e com uma inspiração retorne à postura da bengala. Execute o exercício para o lado oposto.
* Pode-se variar, dobrando o joelho direito, usando o braço esquerdo para intensificar a torção.

17 – Maricyasana (postura do sábio Maricy): em dandasana, flexione e eleve o joelho direito, mantendo a sola do pé no chão e a perna esquerda esticada com os dedos do pé apontando para cima. Passe o braço esquerdo por fora do joelho direito. Com uma expiração pressione o braço contra o joelho direito realizando uma torção na coluna. Leve junto o pescoço no movimento. Importante manter a coluna bem colocada e o mais ereta possível para que o trabalho de torção não prejudique as vértebras. Permaneça respirando calmamente por cerca de 30 segundos. Com uma inspiração retorne o tronco ao centro, volte à postura da bengala e realize o movimento para o lado oposto.

18 - Navasana (postura do barco): a partir de dandasana, flexione os dois joelhos mantendo as solas dos pés no chão. Inspirando incline o tronco para trás e, soltando o ar, retire os pés do chão procurando manter as pernas esticadas numa inclinação próxima a 45°. Se não conseguir isso, pode inclinar mais o tronco e aproximar os pés do chão. Estique os braços apontando-os firmemente na direção dos pés. Faça um esforço para manter a coluna o mais ereta possível. Sinta o trabalho na região abdominal. Permaneça de 30 segundos a 1 minuto na postura, dando ênfase à expiração. Inspirando retorne à postura da bengala.

19 – Salabhasana (postura do gafanhoto): em dandasana, coloque os cotovelos no chão e calmamente coloque o seu corpo deitado no chão, virando depois com a barriga para baixo. Mantenha o queixo no chão, os braços esticados para baixo e as mãos abertas pressionando o chão. Expire e erga as duas pernas do chão, o máximo que puder. Inspirando erga a cabeça, o peito, e os braços, mantendo apenas a região abdominal no chão. Os braços permanecem firmes apontando para trás. Sinta a contração e o fortalecimento dos músculos das costas. Permaneça o tempo que puder e depois expire retornando ao chão. Vire a cabeça de lado e relaxe um pouco o corpo.


Salabhasana

20 – Dhanurasana (postura do arco): ainda de bruços, flexione os joelhos e segure os pés ou a canela com as mãos. Expire e levante as pernas com os braços na direção do teto. Inspirando, puxe com as pernas os braços para trás retirando o tronco do chão. Erga a cabeça e sinta a intensa extensão na coluna. Permaneça na postura o tempo que puder com uma respiração mais curta. Se quiser pode realizar um movimento de balanço, para frente e para trás. Expire, soltando os braços das pernas e retorne ao chão. Vire a cabeça de lado e relaxe um pouco o corpo.

21 – Ustrasana (postura do camelo): estando de bruços, coloque suas mãos na altura do peito e erga o corpo na postura da mesa com as mãos e os joelhos apoiando no chão. Levante o tronco e fique de joelhos. Com as mãos na cintura, inspire e incline o tronco e a cabeça para trás, realizando uma extensão na coluna. Se não sentir a coluna lombar, apóie primeiramente uma mão no calcanhar e depois a outra. Com uma inspiração projete o peito para cima e para frente abrindo completamente os ombros e a caixa toráxica. Mantenha uma respiração curta, por 30 segundos a 1 minuto. Coloque uma mão na cintura, depois a outra e expirando sente sobre o calcanhar preparando para realizar a postura da reverência.
* Essa postura deve sempre ser compensada com a postura da reverência.

22 - Vraja Yogasana (postura da reverência): sentando-se sobre o calcanhar continue expirando enquanto flexiona o tronco a frente até sua cabeça encostar ou se aproximar do chão. Estique os braços para frente e preste uma reverência aos mestres da Yoga, ao espaço da prática, ao que há de mais sagrado dentro de você. Relaxe bem o pescoço e permaneça de 1 a 2 minutos na postura contrapondo o esforço realizado na região lombar pela postura anterior.

23 - Adho Muka Svanasana (postura do cachorro olhando para baixo): a partir da postura da reverência, erga o quadril, esticando as pernas. Mantenha as mão sobem abertas apoiando no chão e distancie mais um pouco os braços das pernas. Mantenha os pés um pouco separados e, expirando, contraia o abdômen e empurre o chão para frente com as mãos, buscando manter a coluna ereta e projetando o cóccix para trás e para cima tal qual um cachorro quando espreguiça. Mantenha os pés paralelos, apontando para frente, e as pernas bem esticadas realizando um alongamento na região posterior. Se não conseguir manter os calcanhares no chão, faça com que eles busquem o chão. Respire normalmente e permaneça na postura por pelo menos dois minutos. Expire e retorne com os joelhos no chão, na postura da mesa.


Adho Muka Svanasana

24 - Balancinho: a partir da postura da mesa, sente-se sobre os calcanhares e depois estique as pernas para frente na postura da bengala. Com a ajuda dos cotovelos, deite-se de costas para o chão e flexione os joelhos fazendo as coxas se encontrarem com o abdômen. Abraçando os joelhos balance o corpo para frente e para trás, realizando um massageamento dos músculos ao longo de toda a coluna. Balance, em seguida, de um lado para o outro, massageando os músculos laterais das costas e os rins. Inspire, estique as pernas e permaneça na postura deitada.

25 - Torção deitada: com a barriga para cima, flexione o joelho direito, aproximando a coxa do abdômen e mantendo o pé direito junto da coxa esquerda. Estique o braço direito para o lado direito e, expirando, empurre o joelho direito para a esquerda o máximo possível realizando a torção na coluna. Procure manter os dois ombros no chão. Inspire, traga o joelho de volta, repouse a perna no chão e realize o movimento para o lado oposto.

26 - Salamba Sarvangasana (postura da vela): com o corpo deitado, inspire e erga as pernas noventa graus do chão, mantendo todo o longo da coluna no solo e aponte os pés para cima. Levante também os braços apontando-os para cima. Permaneça alguns segundos, respirando normalmente. Em seguida, apoiando as palmas das mãos no chão, e inspirando, erga o tronco chão, com um leve balanço das pernas para trás. Dobre os cotovelos e apóie o tronco com as mãos. Vá erguendo o corpo o máximo possível, aproximando o peito do queixo. Mantenha o pescoço bem alinhado e não olhe para o lado enquanto realiza a postura. Fique cerca de cinco minutos na posição (exceto em período de menstruação). Em seguida deixe as pernas caírem para trás da cabeça, mantendo o pescoço alinhado durante todo o exercício. Expirando vai desfazendo a postura, encaixando vértebra por vértebra no chão.
* A postura da vela não é muito recomendada para mulheres em período de menstruação.

27 - Matsyanasana (postura do peixe): após a postura da vela, praticar essa postura para compensar o trabalho realizado na região do pescoço. Deitando com a barriga para cima apóie os cotovelos no chão e levante cabeça. Inspire abrindo o peito e colocando o topo da cabeça no chão. Respire normalmente e fique cerca de 30 segundos na posição. Para retornar apóie bem os cotovelos no chão e levante a cabeça, colocando, por fim, o corpo na postura deitada.

28 - Savasana (postura do cadáver): com o corpo deitado, separe um pouco as pernas e deixe os pés caírem para os lados. Aponte as palmas das mãos para cima numa atitude receptiva. Relaxe todo o corpo. Passeie com a atenção dos pés à cabeça e elimine toda as tensões musculares. Entregue-se à mãe terra, mantenha uma respiração suave e abdominal e a mente focada no momento presente. Permaneça de cinco a dez minutos na posição. Depois levante-se calmamente, espreguiçando e colocando-se na postura sentada, com a coluna ereta para fechar a prática.

Encerramento da prática: sente-se confortavelmente com a coluna ereta. Agradeça à presença toda-luminosa em seu coração e faça uma oração de fé em prol da saúde a da cura das pessoas à sua volta e do planeta. Entoe o mantra “Om” três vezes. Pratique novamente o Vraja Yogasana prestando reverência aos mestres da Yoga. Encerre a prática com alegria e disposição.

Namastê!

A Verdade revelada (Parte V)

Grandes Companheiros! Essa é a publicação final da aula "A Verdade Revelada" de Sua Divina Graça Srila B.S Govinda Dev-Goswami Maharaj!

Enjoy it!



A Exclusiva Necessidade da Devoção
Pessoas que tem qualificações mundanas e pessoas que não tem qualificações mundanas são iguais para Krishna. Krishna quer somente nosso entusiasmo e anseio, nosso humor de devoção. Se tivermos isso então Krishna será misericordioso conosco. E Krishna é como um sol muito brilhante, Seus raios podem dispersar toda inauspiciosidade de qualquer um. Então as qualificações mundanas de alguns não são importantes para Krishna, e as desqualificações mundanas de outros não são um problema para Krishna. No Srimad Bhagavad-gita Krishna diz,

patram puspam phalam toyam
yo me bhaktya prayachchhati
tad aham bhakty-upahrtam
asnami prayatatmanah
(Srimad Bhagavad-gita: 9.26)

“Se alguém Me oferece com amor e devoção uma folha, flor, fruto ou água, Eu aceitarei afetuosamente essa oferenda.”

murkho vadati visnaya dhiro vadati visnave
ubhayos tu samam punyam bhava-grahi janardanah
(Sri Chaitanya-Bhagavat: Adi-khanda, 11.108)

Aqueles que não conhecem adequadamente a gramática sânscrita ou como pronunciar mantras Védicos vão oferecer alimento ao Senhor dizendo, “Visnaya namah.” Esse é um erro gramatical comum. E aqueles que são peritos em gramática vão oferecer alimento ao Senhor dizendo, “Visnave namah.” Essa é a gramática correta. Mas se ambas as pessoas tem devoção, então o Senhor vai aceitar ambas as oferendas.

O Senhor não considera a gramática ou qualificações externas, Ele considera o coração. Ele vê somente o humor de devoção de cada um. Assim é necessário oferecer tudo ao Senhor com devoção, bhakya prayachchhati. Sem devoção nada é verdadeiramente satisfatório para o Senhor porque o Senhor é bhava-grahi Janardanah, o Desfrutador do humor devocional e dos corações dos devotos.

Uma vez quando eu estava em Puri Dham durante o tempo de Ratha-yatra o Diretor Geral de Polícia do estado de Orissa veio me visitar. Ele era muito erudito. Seu conhecimento era como um oceano e ele tinha derrotado muitos sadhus que já tinham chegado a Puri. Ele tinha lido sobre todos os diferentes tipos de filosofia, os escritos de Ramanuja, Sankaracharya, Buddha, Confucius, Cristianismo etc., e ninguém pôde derrotá-lo. Quando conversei com ele fiquei muito surpreso de ouvir dele um sloka muito bonito que é querido por todos os devotos,

vyadhasyacharanam dhruvasya cha vayo
vidya gajendrasya ka
kubjayah kim u nama rupam adhikam
kim tat sudamno dhanam
vamsah ko vidurasya yadava-pater
ugrasya kim paurusam
bhaktya tusyati kevalam na cha gunair
bhakti-priyo madhavah
(Padyavali: 8)

Esse sloka explica que a consciência de Krishna na verdade não depende de nenhuma qualificação externa, e apresenta vários exemplos do Srimad-Bhagavatam para provar isso: um caçador cuja prática de matar veados na selva de forma contrária à cultura Védica teve uma chance de adorar Narayan, assim o comportamento adequado sozinho não pode ser a causa do contentamento do Senhor.

Dhruva recebeu a misericórdia de Visnu quando tinha apenas cinco anos, então a idade não pode ser o único motivo para receber a misericórdia do Senhor.

Gajendra o elefante não tinha conhecimento Védico adequado mas o Senhor atendeu sua prece, então conhecimento não pode ser o único motivo para receber a graça do Senhor.

Kubja não era bonita mas ela satisfez o Senhor com sua devoção e Sudama Vipra não tinha fortuna mas satisfez o Senhor através de sua devoção.

Com esses exemplos e outros, esse sloka mostra que o Senhor é satisfeito pelo humor de devoção em Seus devotos, não por suas qualificações ou desqualificações externas.

Quando eu ouvi esse sloka do policial fiquei surpreso, “Esse homem é o chefe do departamento de polícia mas ele está citando este sloka que tem um tema puramente devocional.” Eu conversei com ele por cerca de meia hora e ele estava muito satisfeito. Agora, pelo desejo de Krishna, ele é meu muito bom amigo e quer se tornar meu discípulo.

Balançando numa balança de carne

Há também uma história no Mahabharata que eu contei muitas vezes sobre um caçador que usava uma Salagram-sila como peso em sua balança quando vendia carne no mercado para viver. Uma vez um brahmana veio e viu a Salagram-sila na balança de carne. Ele castigou o caçador, “Ó, você é um homem pecador! Você está usando uma Salagram-sila como peso para vender carne. Essa pedra é o próprio Senhor Narayan, você está cometendo uma grande ofensa.”

O caçador era muito simples de coração e acreditou no brahmana, que a pedra era o próprio Narayan. Ele ficou com medo e pediu desculpas ao brahmana, “Eu não sabia que essa pedra era uma Salagram-sila. O que devo fazer agora?”

O brahmana disse, “Dê-me essa Salagram-sila, eu vou me certificar de que ela seja adequadamente adorada.” Então o caçador deu ao brahmana a Salagram-sila e o brahmana adorou a Salagram-sila com Tulasi, abhisek, bhoga, arati e tudo mais.

O brahmana adorou a Salagram-sila adequadamente de acordo com todas as regras e regulamentos dos Vedas. Mas depois de dois ou três dias a Salagram-sila apareceu em sonho para o brahmana como o próprio Narayan e disse, “Eu estava muito feliz balançando na balança daquele caçador. Todo dia ele me nutria muito bem dessa maneira. Agora você perturbou Minha mente então por favor me devolva ao caçador.”

O Senhor não estava feliz por estar com alguém que estava simplesmente seguindo as regras e regulamentos dos Vedas. O que o brahmana fez não estava errado, estava correto de acordo com os Vedas. E foi o próprio Senhor quem deu as Escrituras Védicas para a sociedade. Mas o Senhor na verdade sempre quer estar com seus devotos exclusivos. O Senhor considera a fé, a dedicação e a devoção por Ele como supremas.

A Diversão e Satisfação de Krishna

Puro humor devocional, sincero espírito devocional, é a verdadeira base da rendição e dedicação, não as regras e regulamentos. Pura rendição é o real desejo de Krishna para as almas condicionadas. Srila Guru Maharaj me ensinou isso, eu aprendi isso dele e estou seguindo isso cem por cento, pelo menos estou tentando seguir isso cem por cento. Meus associados também estão procedendo desta maneira, na linha da pura consciência de Krishna – a busca por Sri Krishna, a Realidade, o Belo.

Esta é a genuína forma de religião.

Krishna é revolucionário, Krishna faz as regras e Krishna desobedece as regras. E por que? Para si próprio. “A Realidade existe por si e para si.” Krishna é a Realidade Absoluta por Si mesmo e para Si mesmo – tudo existe apenas para sua diversão e satisfação – e as almas-jiva que percebem este ideal revolucionário experimentam a suprema felicidade da consciência de Krishna.

A Verdade Revelada (Parte IV)


Saudações! Essa é a quarta da série de cinco postagens que estou publicando sobre o texto de Srila Govinda Maharaj!

Vamos seguindo examinando e meditando nas palavras do bom professor!

Abraços com afeto!

Força Purificadora da Devoção

Srila Guru Maharaj também questionou Srila Saraswati Thakur sobre o que deve ser feito quando um devoto digno faz algo errado. Srila Guru Maharaj era altamente qualificado e uma autoridade em direito material. Ele estava pensando que um devoto deveria ser punido de acordo com as regras materiais quando ele quebrasse as regras e regulamentos, mas Srila Saraswati Thakur não concordou.

Srila Saraswati Thakur disse, “Seu destino, seu futuro, nasce da sua concepção. Mani-maya-mandira-madhye pasyati pipilika chidram, se você se concentrar nas falhas de um devoto então sua concepção será como a de uma formiga; uma formiga entra num templo decorado com jóias de ouro e olha apenas para os buracos nas paredes.

Somente quando você buscar as boas qualidades nos devotos seu futuro será exaltado e você prosseguirá corretamente em direção ao serviço.”

Srila Saraswati Thakur respondeu a Srila Guru Maharaj dessa maneira, mas não respondeu completamente sua questão. Então um dia, cerca de seis meses depois em Madras, enquanto Srila Saraswati Thakur estava lendo o Srimad-Bhagavatam em seu quarto, deparou-se com um sloka e ele chamou Srila Guru Maharaj, “Aqui está a resposta para sua questão.”

Srila Guru Maharaj tinha apresentado para Srila Saraswati Thakur sua questão sobre o mau comportamento de devotos seis meses atrás. Quando Srila Saraswati Thakur disse, “Aqui está a resposta de sua pergunta”, Srila Guru Maharaj ficou surpreso e pensou, “Qual é minha pergunta?” Mas quando Srila Saraswati Thakur entregou o livro para ele e Srila Guru Maharaj viu o sloka, ele imediatamente lembrou e entendeu a questão.

Srila Saraswati Thakur estava respondendo. Esse sloka era,

sva-pada-mulan bhajatah priyasya
tyaktanya-bhavasya harih paresah
vikarma yach chotpatitam kathanchid
dhunoti sarvam hrdi sannivistah
(Srimad-Bhagavatam: 11.5.42)

O significado é que não é necessário aplicar leis materiais para os devotos dedicados do Senhor. É possível que tais devotos dedicados possam fazer algo errado, seu corpo mundano e posição mental nem sempre estão num estado de liberação. É possível que algumas vezes eles possam ser poluídos pelo ambiente ilusório. Mas porque eles são dedicados, porque eles estão servindo o Senhor e cantando Seu Sagrado Nome, o Senhor está vivendo dentro de seus corações e o Senhor vai limpar seus corações. O Senhor vai remover suas ofensas por Sua divina influência. Se eles são dedicados a Krishna então Ele vai cuidar de tudo. Não é necessário que um devoto dedicado faça qualquer prayaschitta, expiação.

Nós podemos também entender que um devoto dedicado sempre sentirá anutapa, arrependimento, quando ele compreender que fez algo errado. Ele vai pensar, “Por que eu fiz isso? Isso é muito ruim!” Eles vão analisar-se muito a sério desta maneira e o fogo de seu arrependimento também purificará seus corações de qualquer poluição.

É necessário que todos discutam e compreendam este sloka. Existem sentimentos muito poderosos dentro dele e quando todos entenderem isso serão purificados muito rapidamente.

O serviço ao Senhor é transcendental sem dúvidas, e nós não podemos dizer quando a liberação chegará na vida de uma alma dedicada. Contudo, também é necessário para todos que sigam as leis materiais e sociais, e que mantenham-se no mundo material sem provocar nenhuma perturbação na sociedade.

As pessoas estão sempre odiando, odiando, odiando quando vêem alguns desobedecendo as leis da sociedade, mas nenhuma solução para isso virá através do ódio. A única solução é dedicação e serviço ao Senhor.

O Senhor e o poder da devoção irão purificar os corações de todos e remover todo e qualquer traço de desejo mundano e ego. Nada externo pode fazer isso.

Visão Positiva

Srila Guru Maharaj nos ensinou que, sempre que vemos um defeito em alguém, isso é um teste enviado para nós por Krishna, para nos purificar. Srila Guru Maharaj nos deu essa visão e sentimos que se todos enxergarem com esse tipo de visão, então Krishna estará feliz e todos serão espiritualmente beneficiados. Isso é muito importante porque nós vivemos num oceano de falhas e podemos encontrar alguém com falhas por toda parte. Mesmo muitos dos praticantes espirituais em torno de nós são imperfeitos. Então nos tornaremos desesperançosos se não tentarmos ver as boas qualidades nos outros e em nosso meio ambiente.

Uma estudiosa ocidental, Katherine Mayo, uma vez veio à Índia para aprender sobre filosofia indiana, mas depois de chegar ela criticou publicamente a cultura indiana. Quando isso aconteceu Mahatma Gandhi disse, “Ela não veio para apreciar a riqueza da Índia, ela veio para inspecionar seus esgotos. Ela é uma inspetora de esgoto.” Nós ouvimos essa história de Srila Guru Maharaj.

Nós não devemos ser inspetores de esgoto. Pela misericórdia de Krishna devemos tentar ver beleza e charme por toda parte.

Srila Guru Maharaj disse, “Errar é humano, mas perdoar é divino.” Todos tem imperfeições e algumas vezes farão algo errado. Mas por que deveríamos perder nosso humor devocional por causa disso? Através de seu humor devocional Srila Guru Maharaj pôde ver bondade por toda parte, ele oferecia muito respeito a todos os devotos e também oferecia muito respeito mesmo para pessoas que estavam contra o Vaisnavismo.

Mani-maya-mandira-madhye pasyati pipilika chidram. Devotos dedicados podem fazer algo errado, mas nós não devemos agir como formigas que vêem somente os buracos em um templo de ouro. Nós não devemos ser inspetores de esgoto procurando as falhas dos devotos. Nós temos muito mais capacidade do que as formigas, nós devemos enxergar que todos os devotos dedicados tem a propriedade do ouro dentro de seus corações e devemos conscientemente tentar identificar suas boas qualidades.

A Verdade Revelada (parte III)


Amigos meus, vamos seguindo com as instrunções nectáreas de Srila Govinda Maharaj!

Começa com a resposta à questão: como devemos enxergar o devoto?

Aproveitem! Abraços com afeto a todos!

Ética Espiritual Radical

Essa é a explicação de Srila Rupa Goswami Prabhu sobre como devemos ver um devoto do Senhor. Mas a explicação do próprio Krishna é revolucionária e milagrosa. Krishna disse,

api chet su-duracharo bhajate mam ananya-bhak
sadhur eva sa mantavyah samyag vyavasito hi sah
(Srimad Bhagavad-gita: 9.30)

“Através de sua visão do conhecimento Védico e de seu entendimento do que é bom e ruim, se você vê um devoto dedicado exclusivamente a Mim, um ananya-bhak-bhakta, fazendo alguma coisa terrivelmente errada ou enxerga algum defeito nele, você nunca deve pensar que ele não é Meu devoto. Você nunca deve pensar que ele não é perfeito e que aquilo que ele faz também não é perfeito. É minha declaração de que quem é Meu devoto rendido, um ananya-bhak-bhakta, não é apenas um sadhu, mas tudo o que ele faz está sempre correto por causa de seu exclusivo humor devocional.”

É muito difícil de entender. Ruim é ruim e bom é bom. Nós aprendemos o que é bom e o que é ruim em todas as Escrituras. Durachara significa alguém cujas ações contrariam as regras e regulamentos Védicos, e su-durachara significa alguém cujas ações são extremamente ruins nesse sentido.

Então como podemos agora digerir que alguém que faça algo errado dessa maneira esteja na verdade certo e perfeito? O que é isso?

Krishna está dizendo que, porque Seu devoto tem o correto propósito de serví-lO, mesmo que Seu devoto tenha dado um tapa em alguém, ainda assim ele agiu muito bem e não cometeu ofensa? Krishna está dizendo que tudo que este devoto tenha feito está correto? Que mesmo que Seu devoto esteja agindo errado, isso é muito bom?

Sim! Samyag vyavasito hi sah, Krishna está dizendo que Seus devotos são ananya-bhak-bhaktas, devotos seguindo uma vida exclusivamente devocional, e se qualquer perturbação acontece em suas vidas Ele não se importa e Seu devoto não recebe nenhuma reação por isso. Naturalmente ação e reação estão sempre acontecendo neste mundo, “Para cada ação existe uma reação igual e em sentido oposto.” Mas Krishna não se importa.

Isso ainda é muito difícil de entender. Mesmo os doze Mahajanas tiveram problemas com esta questão e discutiram-na repetidas vezes. Os doze Mahajanas puderam aceitar sinceramente essa declaração de Krishna, mas quando eles ouviram que essa era a declaração conclusiva e final de Krishna, e consideraram o significado dessa expressão, eles ficaram confusos sobre como harmonizá-la com sua visão relativa. Depois de discutirem esse sloka por algum tempo eles decidiram que, se Krishna disse que Seu devoto exclusivo poderia fazer mal externamente e continuar corretamente situado, então eles teriam que acreditar nisso. Mas quando eles leram a próxima declaração de Krishna ficaram ainda mais confusos.

ksipram bhavati dharmatma
sasvach-chhantim nigachchhati
kaunteya pratijanihi
na me bhaktah pranasyati
(Srimad Bhagavad-gita: 9.31)

Aqui Krishna declara, “Sim, Meu devoto exclusivamente dedicado pode fazer grande mal externamente, mas o que ele faz está sempre correto porque ele está empenhado em lembrar de Mim e Me servir. Através de seu rendido humor devocional ele será purificado, ele se tornará rapidamente mais perfeito e seus defeitos serão dissipados. Ele se tornará dharmatma, virtuoso, ficará em paz eternamente e não terá mais problemas no futuro. Assim, declare a todos que Meus devotos nunca são vencidos.” Krishna promete isso para Seus devotos puros e para todos.

Srila Visvanath Chakravarti Thakur também acrescentou muito bem em seu comentário Sânscrito no Srimad Bhagavad-gita que Krishna quer dizer, “Ó Arjuna, algumas vezes Eu precisei quebrar Minhas promessas para o bem de Meus devotos, então ainda que Eu prometa a todos, ‘Na Me bhaktah pranasyati, Meus devotos nunca são destruídos’, todos podem ainda ter alguma dúvida sobre isso. Então essa é Minha ordem, que você prometa isso, que você prometa que Meus devotos nunca são destruídos. Eu não posso manter sempre Minhas promessas e você também não pode manter suas promessas. Mas Eu sempre mantenho as promessas de Meus devotos e todos sabem disso. Então você prometeu que Meus devotos nunca serão arruinados.” Desta maneira Krishna garantiu a todos que Seus devotos nunca serão vencidos.

A Sempre Respeitável Propriedade do Ouro

Pergunta: Eu tenho ouvido muitas explicações diferentes desse verso “api chet su-duracharo.” Eu ouvi uma interpretação de que o comportamento errado, su-durachara, é aparente apenas em nossa visão, e eu ouvi outra interpretação de que o comportamento do devoto é realmente errado, su-durachara. Mas minha questão é, como estimar se alguém é um ananya-bhak-bhakta, um devoto exclusivamente rendido e dedicado?

Srila Govinda Maharaj: No sloka “api chet su-duracharo bhajate Mam ananya-bhak”, Krishna indica que se você vê algo ruim no caráter de Seus devotos, você não deve julgá-los, você não deve insultá-los e você não deve cometer nenhuma ofensa contra eles. Você pode escolher não se associar com eles, mas você deve também ignorar suas falhas e nunca considerar que eles são realmente malfeitores, su-durachara. Em vez disso, você deve tentar com consciência observar como a vida espiritual deles está acontecendo e honrá-los como devotos do Senhor.

Você deve pensar, “Eles tem a propriedade de ouro da rendição e devoção em seus corações (ananya-bhak-bhakti). Eles são devotos de Krishna e jamais fariam nada errado voluntariamente. Tudo que vier através da atividade deles é certamente para a satisfação do Senhor e deve ser positivo.”

Se uma peça de ouro cai num lugar sujo ainda é respeitada como ouro, não será ignorada ou rejeitada. Similarmente, você nunca deve ignorar a propriedade de ouro em seus corações, você deve sempre considerar que a propriedade de ouro da devoção está dentro deles. Mesmo que suas atividades pareçam impróprias você nunca deve ignorar a propriedade de ouro dentro deles. A qualquer momento este ouro pode ser tirado deste lugar sujo e brilhar límpido. Então você deve ser muito sério e cauteloso antes de comentar qualquer coisa negativa sobre eles. Para sua própria segurança você deve ser muito cuidadoso e não cometer nenhuma ofensa contra eles. Este é o significado de sadhur eva sa mantavyah.

O próximo sloka de Krishna, ksipram bhavati dharmatma sasvach-chhantim nigachchhati também apóia esta ideia. Srila Bhakativinod Thakur aliviou a confusão dos Mahajanas explicando que nesse sloka Krishna quer dizer, “Se você conscientemente considerar que as atividades deles não são ruins, mas muito boas, que eles estão completamente rendidos a Krishna e que o que você pensou que fosse ruim no caráter deles era na verdade bom, então você estará sendo justo e ficará em paz, assim você se tornará um grande devoto de Krishna.”

Em nossa vida podemos ver tudo como nosso inimigo e também podemos ver tudo como nosso amigo. Nosso dever é o de fazer amigos, não inimigos, e se tentarmos de coração e alma fazer isso através desse revolucionário ajuste de nossa consciência dado por Krishna, então teremos que conseguir um bom resultado, e o que parece ruim para nós agora veremos no futuro que é na verdade bom para nós.

A Natureza Revolucionária do Absoluto Pecado e Religiosidade

Dessa maneira podemos entender os revolucionários ensinamentos de Krishna. Ele faz as regras. Ele revela as Escrituras Védicas e ensinamentos espirituais evolutivos, e Ele também os descarta. Ele faz as regras e Ele também desobedece as regras.

Isso é muito difícil para as pessoas em geral digerirem. Muitas pessoas estão aptas para entender algo sobre o conhecimento Védico, a cultura e a filosofia Védica etc., mas eles lutam para entender este ponto delicado. O ponto principal do entendimento necessário para harmonizar tudo – para compreender de maneira adequada o revolucionário ensinamento de Krishna – é dado por Krishna no Padma Purana.

man-nimittam krtam papam api dharmaya kalpate
mam anadrtya dharmo’pi papam syan mat-prabhavatah
(Padma Purana)

Krishna diz, “Qualquer coisa que você faça para Mim, mesmo se isso for pecaminoso de acordo com a lei Védica, é na verdade um ato religioso (dharma), e qualquer coisa que você faça que não seja para Mim, mesmo se isso for religioso de acordo com a lei Védica, é na verdade um ato pecaminoso.”

O conselho de Krishna é revolucionário mas também simples. É na verdade uma descrição direta da posição de todas as almas-jiva como Seus eternos servos. O ensinamento de Krishna é na verdade uma expressão da espiritualidade universal natural a todas as almas: qualquer coisa feita sem consciência de Krishna é pecaminosa e tudo feito para Krishna é verdadeiramente religioso. Esta é a chave para harmonizar tudo e entender o revolucionário ensinamento de Krishna na conclusão do Srimad Bhagavad-gita e do começo ao fim do Srimad-Bhagavatam – a revolução subjetiva da consciência de Krishna.

A Verdade Revelada (parte II)


Segue as instruções nectáreas de Srila Govinda Maharaj falando sobre Krishna, o revolucionário".

Saudações!

“Eu sou Tudo em Tudo!”

Que provas podem existir para a revolucionária ideia de que a recomendação final dos Vedas é abandoná-los? A primeira excelente evidência para isso é encontrada nas instruções de Krishna para Uddhava no Srimad-Bhagavatam. Krishna inicialmente deu uma pista sobre Seus revolucionários ensinamentos para Arjuna no final do Srimad Bhagavad-gita com Seu sloka: sarva-dharman parityajya, mam ekam saranam vraja. Mas o Srimad- Bhagavatam começa a partir desse estágio. O Srimad-Bhagavatam começa a partir do próprio ensinamento de Krishna não de uma subjetiva evolução da consciência, mas de uma subjetiva revolução da consciência. E nas instruções de Krishna para Uddhava no Srimad- Bhagavatam encontramos o ensinamento revolucionário de Krishna sobre a conclusão do Srimad Bhagavad-gita expresso mais claramente:

tasmat tvam uddhavotsrjya chodanam pratichodanam
pravrttim cha nivrttim cha srotavyam srutam eva cha
mam ekam eva sranam atmanam sarva-dehinam
yahi sarvatma-bhavena maya sya hy akuto-bhayah
(Srimad-Bhagavatam: 11.12.14-15)

A primeira condição de Krishna em Suas instruções para Uddhava foi, “Uddavotsrjya! Uddhava! Sejam quais forem as regras e regulamentos dados pelos Vedas, tudo o que foi apresentado para a evolução espiritual e elevação das almas condicionadas para a morada transcendental nos Vedas, tudo isso você deve evitar! E não somente evitar, se acontecer de isso chegar a você, jogue-o fora!” Prabhupada Srila Saraswati Thakur explicou a palavra utsrjya desta forma. Eu ouvi de Srila Guru Maharaj que Srila Sraswati Thakur usou uma palavra da língua Oriyam, phaphadiba, que significa, “Jogue isso fora!” E o que está sendo evitado e jogado fora?

Krishna diz, “Chodanam pratichodanam, a inspiração dada nas Escrituras para seguir a perfeita linha evolutiva Védica, ambos os sruti e os smrti, isso deve ser evitado. E pravrttim cha nivrttim cha, tanto seu apego como seu desapego, abandone ambos. Se você tem apego por algum tipo de alimento, abandone esse tipo de alimento. Se você tem desapego por riqueza, você abandona essa mentalidade também, então se a riqueza vem ou não até você, você não vai se preocupar com isso. Srotavyam srutam eva cha, o que você ouviu antes, srutam, e o que você vai ouvir no futuro, srotavyam; todo o conhecimento que você já acumulou e todo o conhecimento que você pode coletar no futuro – você deve evitar tudo isso. Qualquer coisa que você tiver ouvido ou irá ouvir que não seja a consciência do eterno serviço para Mim, isso você deve deixar para trás e evitar.

“E o que você deve fazer? Qual deve ser o seu humor? Mam ekam eva saranam atmanam sarva-dehinam, renda-se a Mim! Quem sou Eu? Eu sou a Suprema Personalidade de Deus e o reservatório de todo rasa, um oceano extático de rasa. Todas as suas necessidades, tudo vai ser preenchido quando você vier a Mim, refugiar-se em Mim e render-se a Mim, Mam ekam eva saranam.

E na verdade você não vai perder nada por isso, porque Eu sou all-in-all - tudo em tudo -, Eu moro no coração de todos. Nenhuma alma-jiva pode existir sozinha sem Meu poder, sem Mim.”

dva suparna sayuja sakhaya
samanam vrksam parisasvajate
(Svetasvatara Upanisad: 4.6)

“Eu vivo com todas as almas-jiva, como um pássaro ao lado delas num galho de árvore eu observo todas as suas atividades. Atmanam sarva-dehinam yahi sarvatma-bhavena, então renda-se a Mim! Isso significa que você será totalmente ocupado por Mim. Eu sou tão poderoso. Sarva-karana-karanam, Eu posso fazer qualquer coisa, tudo, alguma coisa e nada – todo o poder está dentro de Mim, então você não tem nada a temer.”

Dessa forma Krishna expressou sua revolucionária recomendação, “As leis, regras e regulamentos, os procedimentos benéficos para a vida dos praticantes apresentados nos Vedas, tudo isso você pode ignorar e vir exclusivamente para o Meu canal, isto é, render-se a Mim e servir-Me.” Assim Krishna é sempre independente e desligado da linha geral dos Vedas; Ele é revolucionário e supremo. O próprio Krishna expôs claramente a posição da alma exclusivamente entregue, mostrando que não é uma questão de ser externamente bom ou externamente ruim de acordo com as regras e regulamentos das Escrituras.

A Pureza da Propriedade do Senhor

Em seu Sri Bhakti-rasamrta-sindhu, Srila Rupa Goswami deu uma explicação criteriosa e doce de nossa visão de uma alma rendida.

drstaih svabhava-janitair vapusas cha dosair
na prakrtatvam iha bhakta janasya pasyet
gangambhasam na khalu budbuda-phena-pankair
brahma-dravatvam apagachchhati nira-dharmaih
(Sri Upadesamrta: 6)

Srila Rupa Goswami, sorridente, disse, “Oh, boy! Ainda que você seja incompetente, que não tenha a mente sob controle, nunca hesite em oferecer honra ao Vaisnava. Você deve tentar entender que a natureza pura do Vaisnava é como a natureza pura do Ganges. Água existe por toda parte, mas água do Ganges é água do Ganges. A água do Ganges descende dos pés de lótus do Senhor Vishnu e é completamente transcendental. A água do Ganges nunca é poluída por impurezas. Muitas impurezas podem aparecer no Ganges, mas a água do Ganges continua sendo água do Ganges – nunca perde sua qualidade transcendental. Você deve oferecer honra ao Ganges desta forma e você também deve oferecer honra ao Vaisnava da mesma maneira.”

“O Vaisnava deve ser considerado puro da mesma maneira que o Ganges é sempre considerado puro. Um devoto pode cair, ou você pode vê-lo cair, mas para onde ele pode cair e para onde ele subiu, você não sabe. Você está vendo-o somente com sua visão. Você é capaz de vê-lo apenas até este ponto. Você não conhece a atual posição dele. E se ele tem devoção pura, suddha-bhakti, você não deve desonrá-lo e não deve cometer ofensas contra ele. Você deve considerá-lo puro mesmo que seu corpo esteja cheio de feridas e doenças, ou mesmo que seu comportamento pareça impróprio.”

A Verdade Revelada (parte1)

Caros amigos,

Segue instruções nectáreas de Srila Govinda Maharaj, para nossa reflexão e nutrição.

Abraços com afeto.


Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Trecho do próximo livro

A Verdade Revelada

por Sua Divina Graça
Srila Bhakti Sundar Govinda Dev-Goswami Maharaj

Capítulo Onze: Revolução Espiritual

No Srimad Bhagavad-gita, Krishna explicou a evolução da consciência. Krishna explicou como as almas condicionadas podem progredir de uma vida não religiosa para yoga e como a sua prática de yoga, como buddhi-yoga, pode evoluir de karma-yoga, jñana-yoga, dhyana-yoga etc., para bhakti-yoga. Desta forma podemos entender que a essência de todas as Escrituras está presente no Srimad Bhagavad-gita e que o essencial para a evolução espiritual das almas condicionadas está explicado lá.

A posição do Srimad Bhagavad-gita foi explicada em forma de poesia:

sarvopanisado gavo dogdha gopala-nandanah
partho vatsah sudhir bhokta dugdham gitametam mahat
(Sri Gita-mahatyma:6)

“O Gitopanisad, Srimad Bhagavad-gita, que contem a essência de todos os Upanisads e dos Vedas, é como uma vaca, e Sri Krishna, que é mais famoso por Seus passatempos como um vaqueirinho, está ordenhando esta vaca. Arjuna é como um bezerro, fazendo pergunta atrás de pergunta para tirar o leite da vaca, e aqueles que são sudhir, aqueles que tem verdadeira inspiração para a consciência de Krishna, bebem o leite da vaca que é o néctar do Srimad Bhagavad-gita.”

Esta é a nossa concepção do Srimad Bhagavad-gita. Bhagavan Sri Krishna misericordiosamente deu Seu divino olhar para todos através de sua conversa com Arjuna, e distribuiu a essência dos Vedas e de todas as Escrituras para a evolução espiritual de todos.

Nós temos um livro muito bom feito a partir das palestras de Srila Guru Maharaj, Srila Bhakti Raksak Sridhar Dev-Goswami Maharaj, chamado “Evolução Subjetiva da Consciência”. Evolução significa acréscimo gradual de uma substância. Eu considero que a ideia de evolução é boa, não há nenhum problema com a ideia de evolução espiritual. Podemos sempre ver as coisas se movendo para cima, passo a passo, em direção à forma divina da Realidade. E podemos ver a forma divina da Realidade também, passo a passo, radiantemente evoluindo. Evolução é verdadeiramente o padrão, está sempre diante de todos e é a lei do mundo espiritual.

A rota e linha de progresso para a evolução espiritual, descendendo de Krishna para as almas condicionadas, é conhecida como amnaya. Amnaya significa conhecimento divino descendendo através do canal Védico, e amnaya significa as Escrituras reveladas que são apauruseya, não feitas por nenhum homem mundano. Amnaya é sempre plenamente divina. Descende da canção da flauta de Sri Krishna através de um canal, o canal Védico – amnaya-parampara. Vedavyasa capturou, organizou e distribuiu tudo que descendeu através do amnaya-parampara para o super-benefício espiritual de todos. Vedavyasa dividiu este conhecimento e o apresentou na forma dos Vedas: o Sama, Yajur, Rg e Atharva Vedas, o Ayurveda, o Mahabharata etc. Assim, Krishna ilumina as almas condicionadas através de amnaya a respeito de evolução espiritual e vida religiosa.

Krishna, o Revolucionário

Mas quando Krishna mesmo ensina as almas condicionadas Ele não apresenta somente evolução espiritual, Ele apresenta revolução espiritual. Tudo o que Krishna faz é sempre revolucionário – revolução é o verdadeiro tema e fator de Krishna. Por quê? Por desejo de Krishna os Vedas, Vedanta, Upanisads, dezoito Puranas etc, apareceram nesse mundo, e todos os seus ensinamentos gradualmente conduzem todos à adoração de Krishna. E Krishna encarnou em tantas formas diferentes – Matsya, Kurma, Varaha, Vaman, Rama etc. – e ensinou o apropriado comportamento religioso Védico. No entanto, o próprio Krishna sempre ataca o canal Védico; Ele mesmo sempre minimiza os ensinamentos dos Vedas.

Isto é um milagre. Eu fico surpreso com isso, e não apenas temporariamente, fico permanentemente surpreso com isso. Eu também li quase todos os diferentes tipos de sastra, e os li sob a orientação de Srila Guru Maharaj, então eu sei os assuntos que eles estão ensinando e o que é evolução subjetiva. Mas é comum que a rejeição de Krishna pelos ensinamentos Védicos seja uma surpresa para quase todos.

É surpreendente ouvir que a recomendação final dos Vedas é ignorar a linha geral de progresso que os Vedas ensinam!

O revolucionário conhecimento que o próprio Krishna pessoalmente quer distribuir às almas condicionadas é vedesu durlabham, “É muito raro compreender os Vedas.” O Sri Brahma-samhita (5.56) diz, “Vidantas te santah ksiti-virala-charah katipaye”, isso só é conhecido por pouquíssimos sadhus neste mundo, tão poucos que podem ser contados em nossos dedos.” Então certamente isso é durlabham, muito raro de se obter.

"Por trás de todo desastre ou tragédia, reside um Supremo Ato de Amor"


O Autor da frase que dá título a essa postagem é do Padre Bede Griffiths, missionário inglês, da ordem dos Beneditinos, que foi a Índia no final da década de 1970 para pregar o Evangelho e quando lá chegou se deparou com uma realidade que desafiava os votos que ele fez quando se tornou sacerdote, especialmente o voto de pobreza. Percebeu facilmente que toda sua austeridade ainda o deixava numa situação material mais cômoda do que a maior parte das pessoas com quem interagia. Decidiu rever alguns conceitos, abandonou os trajes pesados, os talheres, os assentos, passou a se enrolar num pano, a comer com a mão e a se sentar no chão, assim como a grande maioria dos indianos. Decidiu também se aprofundar no estudo da filosofia védica. Acabou descobrindo um universo místico riquíssimo, que muito antes de contrariar a sua fé cristã, abriu para ele novos e inesperados caminhos de compreensão do mistério da Santíssima Trindade. O resultado desse encontro se manifestou na sua belíssima obra: O Casamento do Oriente com o Ocidente, onde ele traça um paralelo entre as revelações judaico-cristã e védica,ressaltando as diferentes formas de abordar o Mistério e apontando caminhos de convergência, rumo a uma sociedade aberta ao diálogo interreligioso e à compreensão plural da Verdade única latente no coração do ser humano.

Certa vez, quando meu pai estava com ele em seu ashram em Tamil Nadu, no Sul da Índia, chegou a notícia de um terremoto devastador que se abatera mais ao norte do país, ceifando milhares de vidas e deixando outras tantas em situação de miséria. Foi em meio a esse clima de total consternação que o missionário expressou a célebre frase: "Por trás de todo desastre e tragédia, reside um supremo ato de amor". A princípio pode parecer incompreensível, e até revoltante ouvirmos semelhante coisa, ainda mais se estivermos diretamente envolvido no ocorrido. Mas o mestre queria encorajar os seus discípulos a enxergarem um propósito escondido nas situações mais desoladoras.

Por mais que resistamos a encarar essa verdade, estamos por aqui de passagem, com o objetivo único de crescermos e desenvolvermos em nossa capacidade de amar e servir ao próximo, de perdoar as ofensas que nos foram cometidas e de fortalecer a virtude da fé e da devoção, pre-requisitos necessários ao ingresso na Vida Nova, prometida pelos mestres que começa a ser semeada aqui, mas se estende pela eternidade, além das influências que ora nos acorrenta no tempo e no espaço.

Ora, tenho visto o depoimento dos amigos em Teresópolis que se voluntariaram a prestar auxílio às vítimas da catástrofe ambiental que matou milhares de pessoas e deixou outras milhares desabrigadas. Em diversos momentos os relatos nos fazem ver o adormecido sentimento de solidariedade despertando no coração de todos, inimigos esquecem suas desavenças, os ricos dão do que é seu para socorrer os pobres, o poder público reúne esforços e angaria fundos, o setor privado partilha do seu lucro, a sociedade civil se reorganiza e todos se tornam um. Juntos, seja com o pé enfiado na lama para remover escombros, seja cedendo espaço para os desabrigados, seja levando um pouco de carinho, de música para os corações despedaçados, seja em oração buscando luz e conforto para aqueles que sofrem. Nesse momento, por mais doloroso que seja, começamos a nos tornar verdadeiramente humanos, relembramos do que realmente é importante e esquecemos nossas diferenças.

Comumente ouço meu pai dizer que agora é que estamos sendo gestados. Vivemos aqui na Terra como se estivéssemos no útero de uma grande mãe. Precisamos concluir a nossa formação e fazer um esforço para que nossa mãe nos dê à Luz do Criador e cumpra assim o seu desígnio. E isso é YOGA!

Amemos uns aos outros com mais vigor e veremos as catástrofes serão afastadas!É por aí que vamos entendendo como economia, meio ambiente e espiritualidade podem ser unir na promoção de um mundo mais ameno e mais humano.

Um 2011 de muita luz e paz, saúde e alegria, perdão e transformação!

Natal do Mundo ou do Cristo?

Essa poesia é do Professor Euclides Mendonça. Bem contundente para refletirmos:

Natal,


Natal Ruidoso
Com cartões de festa,
Com presentes raros,
Com champagne e nozes,
Com lautas ceias e com vinhos...
Natal do Papai Noel
Com árvores fantásticas.

Natal de ricos satisfeitos,
Natal de pobres esquecidos,
Natal com excesso de palavras,
Com abraços e mensagens
E todo discurso repisado
De venturas e sentimentalismos.

Natal da mídia,
Das agências,
Do comércio
E das convenções vazias.

Triste Natal que dura
Enquanto ferve a espuma nas taças de cristal

Triste natal que passa
Com a embriaguez das horas,

Triste Natal que fica inquietante
Com o travo das buscas infrutíferas.

Triste Natal que finda,
Tão logo se esvazia
O pequenino alforje do Papai Noel.

Natal do Mundo,
Não do Cristo,
O seu engano é pretender trazer,
No bojo de um alforje,
O imenso absoluto que nos falta,

E saciar com vinho e iguarias
A torturante fome que não passa.

O Natal de Cristo não tem ruído,
Tem o silêncio das noites de vigília,

Tem o canto dos anjos que consola,
Tem as palhas, tem o frio
A manjedoura pobre

Tem a mudez tranqüila da criação animal
Tem a humanidade simples dos pastores,
Tem a placidez da Virgem silenciosa,

E, sobretudo,
Tem o mistério de Deus humanado, pequenino,
Em dádiva perene
Aos corações sedentos do divino...

Natal de Luz e Paz!

Desejando a todos um natal de muita Luz do Menino Jesus para todos!

Nosso Senhor Jesus Cristo, o maior Yogue que já passou pela Terra deixa-nos aquela famosa mensagem que é sempre bom relembrar:


- Bem Aventurados os pobres de espírito: porque é deles o reino dos céus.

- Bem Aventurados os mansos: porque eles possuirão a terra.

- Bem Aventurados os que choram: porque eles serão consolados.

- Bem Aventurados os que têm fome e sede de justiça: porque eles serão satisfeitos.

- Bem Aventurados os misericordiosos: porque eles alcançarão a misericórdia.

- Bem Aventurados os limpos de coração: porque eles verão a Deus.

- Bem Aventurados os pacíficos: porque eles serão chamados filhos de Deus.

- Bem Aventurados os que padecem perseguição por amor da justiça: porque deles é o reino dos céus. (Mateus 5: 1-12)

Festival do Aparecimento Transcendental de Srila Shridhar Maharaj

Olá Amigos!

No dia de Hoje comemoramos o aniversário do mestre espiritual Srila Shridhar Dev-Goswami Maharaj. Como eu poderia resumir em poucas palavras o que significa essa data?

Srila Shridhar Maharaj foi um dos mais proeminentes devotos de Srila Bhaktissidanta Sarasvati Thakur, o Guru Vaisnava que levou adiante com todo vigor o movimento de expansão da missão de Chaitanya Mahaprabhu ao mundo ocidental.

E o que é esse movimento de Chaitnya Mahaprabhu? É o movimento do Harinama Sankirtana, ou o canto congregacional dos Santos Nomes de Deus. É um portal de misericórdia que se abre nessa era, que dá acesso pleno ao mundo espiritual à todos aqueles que se aproximarem com sinceridade do mestre espiritual e tomar para si o canto dos santos nomes.

O convite que se faz é muito mais fino do que pensamos. ALcança uma plataforma muito mais elevada da que podemos conceber. É a entrada definitiva da alma no plano do júbilo e do amor eterno que transborda como néctar de Krishna, a Pessoa Original.

Nas palavras de Srila Shridar Maharaj: " O amor está maravilhosamente situado acima de tudo. Passando por cima de tudo, Mahaprabhu pede a nós para aceitarmos o caminho do amor, que significa a entrega do coração, a entrega do ser. Isso é tão poderoso que nada mais pode atrair Krishna. Ele está sedento por esse amor, por esse Prema. ele vive no Prema. Ele é o Senhor do Amor. Aquele amor que tem sua existência interna, e que é a existência interna de todos nós. Ele é o amor personificado e existe um lampejo disso também em nós, e, como "pássaros da mesma plumagem", o amor aprecia o amor."

Prestemos nossas repetidas reverências a Srila Shridhar Maharaj, o Guardião da Devoção, orando por suas bênçãos de amor, para que possamos vislumbrar ao menos um lampejo dessa realidade nectárea, que em nosso íntimo tanto ansiamos.

Todas as Glórias à Sri Guru e Sri Gouranga!

O Pranamaya Kosha

O Pranamaya Kosha, ou corpo energético, é o veículo do prana. O prana é associado à energia vital, ao impulso vital que faz movimentar tudo o que existe no universo. É o alento da vida, o que torna possível e dá sentido à existência material, por ser o veículo da consciência. No nosso corpo, o prana é administrado e conduzido por meio da respiração. Daí a importância do pranayama (controle da respiração), na manutenção da nossa energia vital.

Os principais elementos do Pranamaya Kosha são os nadis, os vayus e os chacras. Os nadis podem se assemelham a uma rede nervosa sutil, composta por cerca de 72000 canais , por meio dos quais o prana circula e é distribuído por todo o corpo.

O principal nadi do corpo é o Shushumna que passa ao longo da coluna vertebral. Sua raiz está na base do tronco, próxima ao cóccix, e estende-se até a região situada no topo da cabeça. Ao lado de Shushumna encontramos os nadis ida e pingala.
O ida-nadi nasce à esquerda da raiz de shushumna, cruzando-a na altura de cada um dos principais chacras até alcançar o ajna chacra, no centro do crânio e terminar na narina esquerda. O pingala-nadi nasce à diretia da raiz de shushumna, entrecruzando os outros dois nadis na altura dos chacras, até alcançar o ajna chacra e terminar, por fim, na narina direita.

A circulação de energia por esses três nadis, depende diretamente do bom funcionamento dos sete chacras principais situados ao longo da coluna vertebral. O ida-nadi transporta as energias lunares e o pingala-nadi, as energias solares. A prática sincera e disciplinada de yoga, incluindo pranayamas, asanas e meditação, faz com que o prana que circula normalmente por ida e pingala, convirja para o shushumna nadi, possibilitando o desenvolvimento espiritual do praticante. A esse processo dá-se comumente o nome de “despertar da Kundalini” que é justamente essa energia latente na base de Shushumna que, quando desperta, eleva o praticante às esferas mais elevadas de compreensão da realidade.


Os vayus são correntes prânicas que conduzem a circulação do prana no corpo e contribuem para a ativação dos principais chacras, ou centros energéticos do corpo. Os vayus originam também impulsos importantes para o desempenho de diversas funções orgânicas do corpo. Os principais vayus são o prana vayu, na região do peito que movimenta a energia de forma circular, ascendente e centrípeta, no espaço entre o umbigo e a garganta; o apana vayu, centralizado na metade inferior do tronco, movimentando a energia de forma descendente e centrífuga; o samana vayu que, situado entre prana e apana, equilibra esses dois vayus, movimentando a energia de forma circular na inspiração (de fora pra dentro) e de forma horizontal na expiração (de dentro pra fora); o udana vayu, que movimenta a energia de forma circular entre a garganta e o topo da cabeça; e o vyana vayu, que movimenta a energia nas extremidades do corpo, para dentro na inspiração, e para fora, na expiração.

Os chacras são centros energéticos onde convergem um número grande de nadis e podem ser comparados aos gânglios nervosos que concentram corpos celulares de neurônios. Nos chacras a energia dos nadis é captada, transformada e retransmitida para outros nadis. O nome “chacra” faz alusão a uma roda onde a energia se movimenta de forma circular, sendo atraída e irradiada constantemente.

Por fazer parte do corpo energético, o funcionamento dos chacras influencia tanto nas funções orgânicas, quanto nas atividades psíquicas do indivíduo. Estando ativados e em pleno funcionamento, os chacras contribuem para a saúde dos sistemas orgânicos e para a livre circulação de informações entre os corpos físicos e sutis, permitindo tanto uma circulação quanto uma retenção maior do prana, gerando um conseqüente incremento na vitalidade geral do corpo.

Os sete principais chacras estão situados ao longo do nadi shushumna e, sua disposição coincide com as principais concentrações nervosas do corpo. Os sete principais chacras costumam ser apresentados da seguinte forma:

NOME DOS CHACRAS LOCALIZAÇÃO PRINCIPAIS FUNÇÔES PSÍQUICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS RELACIONADAS:

Sahasrara Topo da cabeça, Conexão com a espiritualidade, Bom funcionamento do cérebro

Ajna
Intercílio – plexo cavernoso, Desenvolvimento da intuição e do discernimento, Coordenação e articulação dos pensamentos

Visudha Região da garganta – plexo faríngeo e laríngeo,
Desenvolvimento da comunicação através da expressão de sentimentos e pensamentos, Saúde e disposição do órgãos vocativo e bom funcionamento da glândula tireóide

Anahata Região do coração – plexo cardíaco, Abertura para o relacionamento com os outros. Desenvolvimento da compaixão, da caridade e da solidariedade Bom funcionamento do coração e da glândula timo. Saúde do sistema imunológico

Manipura Região lombar – plexo epigástrico, Domínio das circunstâncias (capacidade de estar sempre no lugar certo e na hora certa) Bom funcionamento do sistema digestivo, principalmente os intestinos

Svadhisthana
Genitais – plexo do sacro
Domínio sobre as paixões e direcionamento da energia para manutenção e reprodução da vida,Bom funcionamento do sistema reprodutor e das glândulas sexuais. Manutenção da fertilidade

Muladhara
Base da coluna vertebral – plexo coccígeo. Desenvolvimento da segurança interior, estabilidade, autoconfiança e fé. Coordenação das atividades de excreção

A Prática de Hatha Yoga


Como já mencionado, o Hatha Yoga associa as diversas formas de Yoga ao trabalho corporal baseado em posturas psicofísicas e em exercícios respiratórios. Partindo da noção de Yoga apresentada aqui, a diferença básica entre os exercícios de Hatha Yoga e uma ginástica comum, está na consciência que o praticante procura empregar em cada postura, mantendo a mente presente, a atenção na respiração e nas mudanças energéticas e psíquicas proporcionadas pelos exercícios.

Antes de começar a falar especificamente dos exercícios de Hatha Yoga é necessário que tenhamos alguma noção dos Koshas, ou corpos energéticos e sutis que estão associados ao corpo físico com o qual se inicia o trabalho.

A tradição védica nos ensina que o corpo físico que conhecemos, manifesta-se primeiramente em planos mais sutis até se manifestar na matéria grosseira. Dessa forma temos primeiramente o plano original da consciência, chamado de Brahman, que é o Todo, o Absoluto, a causa de tudo o que existe. Em seguida temos o plano individualizado da consciência original, chamado de Atma, que são as partículas infinitesimais do Absoluto. O primeiro Kosha, ou corpo, que o Atma adquire é o Anandamaya Kosha, que é formado basicamente de substância espiritual, sendo constituído de Sat (eternidade), Cit (consciência), e Ananda (bem-aventurança ou êxtase). Quando o Atma se envolve com o universo material ele começa a adquirir os corpos que o levarão até os aspectos mais grosseiros da existência.

No plano sutil encontramos três Koshas: Vijnamaya Kosha, que é a sede do discernimento, a dimensão da sabedoria e da intuição; Manomaya Kosha, que é o corpo mental e emocional, sede da razão e dos sentimentos, é onde encontram-se as raízes do apego mundano; e Pranamaya Kosha, que é o corpo energético, sede dos chacras, vayus e nadis, onde circula o prana, ou a energia vital. O intermédio entre o corpo físico e os corpos sutis se faz por meio do Pranamaya Kosha, por isso a importância dada nos exercícios de Hatha Yoga ao equilíbrio energético corporal.

Temos por fim o Annamaya Kosa, ou o corpo físico, onde encontramos os sistemas muscular, endócrino, digestivo, circulatório, respiratório, reprodutivo, nervoso e imunológico.

De acordo com a ciência da Yoga, a maior parte das doenças se originam no Manomaya Kosha e suas causas quase sempre estão relacionadas à desarmonia entre os corpos físico, energético e mental. À medida em que esses corpos se alinham e se harmonizam, o praticante aguça sua percepção intuitiva e acessa a sabedoria que descende do plano espiritual, proporcionando uma visão clara e libertadora da existência.

Dessa forma o trabalho de Hatha Yoga é realizado em duas direções: uma que parte do plano físico e energético, buscando trabalhar aí as causas e os sintomas dos distúrbios e doenças, e outra que parte do plano da consciência (ou atma), fazendo-a penetrar nas camadas mais grosseiras do ser, irradiando a luz, a sabedoria e a saúde que descendem dos elevados padrões vibracionais encontrados nas camadas superiores.

Pelos Caminhos da Índia

Saudações!

Pra abrir o mês de agosto publico aqui no blog o relato que fiz da minha viagem à Índia em 2005/2006. O artigo foi escrito originalmente para o jornal periódico do Centro Acadêmico de Turismo da UFJF.

Namastê!


Passei um fim de ano completamente diferente do que estava habituado. A partir da segunda metade de dezembro de 2005 até o dia 20 de janeiro, andei por aquelas bandas do oriente e presenciei um pouco do que a sagrada terra da Índia pode oferecer. Fora dos pacotes turísticos que normalmente encontramos para Índia (que contemplam visitas ao Taj Mahal, templos famosos, mercados de Nove Délhi, praia e sol em Goa, etc). Optei por um caminho diferente. Orientado por meu pai, grande amante daquela terra, não quis ser um simples turista, equipado com câmera fotográfica, encerrado em um grupo de turistas ocidentais perplexos e portando uma boa quantidade de dólares, pronto para comprar, absorver, agarrar, guardar e sugar tudo que estivesse ao meu alcance. Antes de ir meu pai me instruiu: “A Índia é uma mãe, os próprios indianos a chamam de Mãe Bharata, não chegue querendo tirar nada de lá como nós ocidentais sempre fizemos nesses últimos séculos. Ao contrário, leve alguma coisa para ela, coloque-se a seu serviço e ela se revelará a você. A Índia mais do que um lugar físico, é um estado de consciência. e uma vez acessando esse estado, a Índia verdadeira nunca te abandonará.” Guiado por esse pensamento, tratei de tomar uma atitude reverente desde o primeiro momento que pisei naquele solo sagrado, berço de conhecimento, medicina, música, culinária e espiritualidade. Uma civilização que vem resistindo há milênios a todas as invasões, e, apesar das contradições, se mantém até os dias de hoje como um centro emissor de bênçãos espirituais e boa lições de vida para toda a humanidade.

Conheci velhos homens, incríveis, que com um brilhante sorriso estampado no rosto transmitiam a doçura, a beleza e o encanto de quem dedicou os seus dias ao desenvolvimento de uma vida espiritual eterna, plena de conhecimento e bem-aventurança. Fui bem recebido, bem hospedado e bem alimentado.

Nada precisava pagar por isso, apenas se eu quisesse. Emocionei-me muitas vezes tanto pelo brilho da riqueza cultural e devocional, quanto pelo horror da sujeira, da pobreza e da doença. Mas não deixei-me abater nos momentos difíceis. Mãe Bharata parecia dizer-me que tudo tem sua razão de ser e que não cabia a mim tentar compreender os arranjos que o Supremo faz para atender a cada um dos seres viventes desse planeta. Quando não resistia ou tentava me defender, uma profunda doçura me era revelada, mesmo em meio ao inacreditável caos.

Quando mergulhamos no coração da Índia e conseguimos ir além das aparências, tudo se transforma ao nosso redor, com num passe de mágica. Tudo torna-se incrivelmente belo e harmonioso. O rio Ganges, a princípio um simples rio sujo da Ásia, apresenta-se com toda a sua opulência cortando o solo da Índia a distribuir suas bênçãos purificadoras. Por detrás da tela começamos a perceber aquilo que meu pai chama de um outro estado de consciência. Cada movimento ali começa a fazer sentido e você percebe uma mensagem vinda de um plano superior, comunicada através da natureza simples e espontânea das pessoas, da forma como o dia vai começando - com os sinos das bicicletas e dos templos, do barulho das engrenagens do carro de boi, misturado com o som dos pássaros, dos cânticos devocionais, dos símbalos e dos tambores - e da forma como o dia vai terminando, da mesma forma como vai começando, sendo reverenciado e contemplado incansavelmente por todos. Tudo se mostra, então, como um convite a ingressar em uma nova forma de viver, de ver o mundo e a nós mesmos. Uma nova perspectiva sobre a vida e a morte é apresentada, e um mundo totalmente novo descortina-se dentro de nós.
Esse é o tipo do turismo oculto que a Índia revela de acordo com o nosso esforço interior. Claro que existe também o turismo “bolha” onde o turista tem a opção de se proteger do mundo e só enxergar o que for agradável para os olhos e a mente. De apenas absorver o que lhe convém e evitar o mergulho na cultura, na convivência, no horror e na beleza. No turismo bolha, muitas coisas bonitas são vistas mas não é dado aquele “salto quântico” ao qual eu estive tentando me referir acima.
Na cidade de Jaganatha Puri, no litoral do Estado de Orissa, ao Sul da Bengala ocidental, os grandes hotéis já tomam conta de norte a sul da orla praiana. A atmosfera luxuosa e imponente das construções contrasta incrivelmente com o estilo simples da população local. Escondido atrás dos hotéis, em uma pequena depressão na rua, o lixo é depositado aos montes, sendo disputado pelos cachorros, pelas vacas e pelos corvos.
Os turistas podem fazer suas compras no centro comercial e adquirirem requintadíssimos artigos indianos. Podem passear pela cidade e apreciar todo o exotismo indiano expresso nas vestimentas das pessoas, nas fachadas dos templos e nas feiras livres onde uma variedade incalculável de itens é exposta (colares, anéis braceletes, tecidos aos milhões, pratarias, artigos decorativos, tapetes, instrumentos musicais, artigos devocionais, incensos, peças em madeiras, fotos, cartões postais, imagens de deuses hindus etc,etc,etc). Nesses passeios evita-se passar pelos inúmeros becos distribuídos ao redor do centro da cidade onde a dolorosa realidade de um dos lugares mais inflamados do mundo é exposta impiedosamente. Esgotos escorrendo pelos cantos das ruas, lixo, doenças, sujeiras, homens jogados na sargeta, leprosos, bois mal-tratados e cães sardentos brincando com as crianças, não são uma boa coisa para o turista apreciar.
Na praia pode-se fazer passeios de camelos importados que andam monotonamente de um lado para o outro e garantem o sustento de alguns indianos que descobriram um meio de explorar os turistas. Se o turista preferir, pode simplesmente observar, da piscina da cobertura do hotel o movimento cíclico do mar.

Hospedado em um pequeno Math* , perdido em meio ao hotéis, localizado perto da praia, eu refletia sobre o que via a minha volta e me perguntava se os nossos ilustríssimos turistas estavam tendo tempo de perceber algo maravilhoso que acontecia naquele local. Um brilho dourado parecia envolver toda a cidade. A forte atmosfera espiritual do lugar transmitia aos corações um amor e uma doçura indescritíveis. Eu me sentia como se estivesse derretendo de tanta alegria, êxtase e paz que aquela terra proporcionava. De manhãzinha, antes do nascer do sol, enquanto tudo ainda estava escuro, já era possível ver na praia um grande número de pessoas. Algo espantoso. Cada um com suas orações e suas preces para receber o astro-rei que estava por vir. Nessa hora, o som de um alto falante de um pequeno templo, ressoava uma melodia que embalava aquele momento mágico e me fazia recordar certos sentimentos de infância, não sei ao certo, mas algo muito familiar. O sol quando raiava no horizonte, era envolto por uma névoa cor de açafrão e o seu brilho refletia no mar que iluminava a todos. E não era só isso, as pessoas eram de uma simplicidade admirável. Vários indianos chegavam perto de mim com um sorriso aberto nos lábios querendo ser amigo. Perguntavam de onde eu era, se estava gostando da Índia, quanto tempo eu iria ficar e como eu iria embora. Em todo canto era vendido o chai, um chazinho preto com leite que eu gostava de saboreá-lo juntamente com um Bedee . Na hora do almoço comia com a mão em um prato de folha, uma comida simples, muito saborosa e muito picante. Na rua via alguns bezerros andando despreocupadamente, com cuidado tocava o seu pêlo. Ao cair da tarde, após o pôr do sol na praia, voltava para o Math e um dos devotos do templo me acolhia com carinho, pegava na minha mão, me abraçava e se mostrava saudoso com a minha partida. Todo esse brilho e alento que eu percebia, estava oculto. Parece incrível mas era isso. Estava oculto e só era alcançado através de uma atitude simples, de uma abertura para o contato humano com a população local e para as mensagens que eram comunicadas ao coração. Esse é o que comecei a chamar de turismo oculto. Que não dá para pegar com as mãos ou ver com os olhos simplesmente. Exige algo mais, exige uma auto-entrega, exige um mergulho profundo na realidade. Não adianta simplesmente contratar um guia e dissecar o lugar com sua máquina fotográfica.
No momento de deixar a Índia, inexplicavelmente, sentia uma tristeza intensa nunca antes sentida. As lágrimas caíam incessantes dos meus olhos e uma saudade insuportável abatia-se sobre mim. Só me restava agradecer. Olhava para a paisagem deixada para trás pelo trem que ia rumo à estação de Calcutá onde eu embarcaria no avião. Com as mãos juntas na altura do peito orava: Oh Índia! Obrigado! Namastê! Agradeço por seu importante legado deixado à humanidade! Que possamos no ocidente abrir-nos também para essa oculta realidade interior que tanto alento traz a nossas vidas!
Não tinha nada a oferecer a mãe Bharata a não ser a mim mesmo. Ofertei minha admiração, meu respeito e minha reverência. E pela graça de Deus, ela me carregou em seu colo e levou-me a conhecer segredos profundos que já habitavam meu coração. Me colocou em contato com nobres sentimentos, que jamais esquecerei. Namastê!