"Por trás de todo desastre ou tragédia, reside um Supremo Ato de Amor"


O Autor da frase que dá título a essa postagem é do Padre Bede Griffiths, missionário inglês, da ordem dos Beneditinos, que foi a Índia no final da década de 1970 para pregar o Evangelho e quando lá chegou se deparou com uma realidade que desafiava os votos que ele fez quando se tornou sacerdote, especialmente o voto de pobreza. Percebeu facilmente que toda sua austeridade ainda o deixava numa situação material mais cômoda do que a maior parte das pessoas com quem interagia. Decidiu rever alguns conceitos, abandonou os trajes pesados, os talheres, os assentos, passou a se enrolar num pano, a comer com a mão e a se sentar no chão, assim como a grande maioria dos indianos. Decidiu também se aprofundar no estudo da filosofia védica. Acabou descobrindo um universo místico riquíssimo, que muito antes de contrariar a sua fé cristã, abriu para ele novos e inesperados caminhos de compreensão do mistério da Santíssima Trindade. O resultado desse encontro se manifestou na sua belíssima obra: O Casamento do Oriente com o Ocidente, onde ele traça um paralelo entre as revelações judaico-cristã e védica,ressaltando as diferentes formas de abordar o Mistério e apontando caminhos de convergência, rumo a uma sociedade aberta ao diálogo interreligioso e à compreensão plural da Verdade única latente no coração do ser humano.

Certa vez, quando meu pai estava com ele em seu ashram em Tamil Nadu, no Sul da Índia, chegou a notícia de um terremoto devastador que se abatera mais ao norte do país, ceifando milhares de vidas e deixando outras tantas em situação de miséria. Foi em meio a esse clima de total consternação que o missionário expressou a célebre frase: "Por trás de todo desastre e tragédia, reside um supremo ato de amor". A princípio pode parecer incompreensível, e até revoltante ouvirmos semelhante coisa, ainda mais se estivermos diretamente envolvido no ocorrido. Mas o mestre queria encorajar os seus discípulos a enxergarem um propósito escondido nas situações mais desoladoras.

Por mais que resistamos a encarar essa verdade, estamos por aqui de passagem, com o objetivo único de crescermos e desenvolvermos em nossa capacidade de amar e servir ao próximo, de perdoar as ofensas que nos foram cometidas e de fortalecer a virtude da fé e da devoção, pre-requisitos necessários ao ingresso na Vida Nova, prometida pelos mestres que começa a ser semeada aqui, mas se estende pela eternidade, além das influências que ora nos acorrenta no tempo e no espaço.

Ora, tenho visto o depoimento dos amigos em Teresópolis que se voluntariaram a prestar auxílio às vítimas da catástrofe ambiental que matou milhares de pessoas e deixou outras milhares desabrigadas. Em diversos momentos os relatos nos fazem ver o adormecido sentimento de solidariedade despertando no coração de todos, inimigos esquecem suas desavenças, os ricos dão do que é seu para socorrer os pobres, o poder público reúne esforços e angaria fundos, o setor privado partilha do seu lucro, a sociedade civil se reorganiza e todos se tornam um. Juntos, seja com o pé enfiado na lama para remover escombros, seja cedendo espaço para os desabrigados, seja levando um pouco de carinho, de música para os corações despedaçados, seja em oração buscando luz e conforto para aqueles que sofrem. Nesse momento, por mais doloroso que seja, começamos a nos tornar verdadeiramente humanos, relembramos do que realmente é importante e esquecemos nossas diferenças.

Comumente ouço meu pai dizer que agora é que estamos sendo gestados. Vivemos aqui na Terra como se estivéssemos no útero de uma grande mãe. Precisamos concluir a nossa formação e fazer um esforço para que nossa mãe nos dê à Luz do Criador e cumpra assim o seu desígnio. E isso é YOGA!

Amemos uns aos outros com mais vigor e veremos as catástrofes serão afastadas!É por aí que vamos entendendo como economia, meio ambiente e espiritualidade podem ser unir na promoção de um mundo mais ameno e mais humano.

Um 2011 de muita luz e paz, saúde e alegria, perdão e transformação!