E o Caminho das Índias?


Começo hoje a publicar alguns extratos publicados recentemente por Sripad Bhuvana Mohan Prabhu em seu site, respondendo a perguntas surgidas a partir de certos aspectos da cultura indiana retratadas na novela Caminho das Índias.

Espero que vocês gostem e aproveitem as brilhantes respostas.


SRIPAD BHUVANA MOHAN PRABHU:


O PÙBLICO DA REDE GLOBO

Desculpo a autora e a produção por saber que a TV Globo e as grandes empresas comunicadoras de massas têm como objetivo atingir um público formado por pessoas em geral dotadas de uma mentalidade mundana, interessadas nos aspectos mais chocantes da vida material: crime, roubo, prostituição, traição, violência de todo tipo, grosseria, desarmonia, inveja, ciúme, ódio, baixaria, luxúria e tudo o mais que compõe os roteiros de vida deste mundo material e dos palcos de nossa cultura popular.

Nosso público de hoje não se diferencia muito do público de 2000 anos atrás que ia ao circo romano para ver seres humanos trucidando-se com espadas, lanças, tacapes e outras armas ou serem devorados por leões. Essa era a diversão da nossa “grandiosa” civilização romana.

Hoje, as mesmas pessoas ligam a TV e recebem boas doses dessa mesma violência e adrenalina em shows mais reais que a realidade.

Posso entender suas dúvidas sem necessidade de ver a novela pois elas dizem respeito a uma realidade que conheço bem. Eu sei que a Índia também tem esse lado escuro. Lá encontrei os homens mais santos e iluminados e soube dos homens mais demoníacos. Mas eu aprendi o caminho que atravessa essa perigosa “linha amarela” e chega às regiões seguras, de grande beleza e luz espiritual.

Por isso, não me espanta que se queira de algum modo denegrir a imagem da Índia com um roteiro que mostre aspectos dos exóticos costumes daquele povo. Claro que não vamos nos deixar desencantar das coisas que aprendemos a amar porque há pessoas que não as praticam nem apreciam. Preciso levar às pessoas a informação apropriada e verdadeira para podermos situar a falsidade em sua própria perspectiva.

Será um problema se o público pensar que a Índia é a novela da Globo. Esse tipo de realidade mostrada na novela diz respeito a um grupo de pessoas/personagens que manifestam características de personalidade mundana, egocêntrica, luxuriosa, invejosa etc. Isso é exigência da trama da novela.

Entendo que ver coisas sagradas fazendo parte da vida de pessoas de caráter mundano faz com que as coisas sagradas sejam vistas como fanatismo, loucura, ignorância, ainda mais por não serem justificadas com uma compreensão mais profunda do que aquilo tudo significa.

É como no nosso mundo; não podemos imaginar que toda experiência religiosa do povo brasileiro seria exemplificada pela prática do religionismo motivado materialmente que vendeu indulgências, se envolveu nas cruzadas, apoiou a escravidão, produziu a inquisição e está a produzir ainda hoje as “quartas-feiras de milagres” para vender aos fiéis coisas materiais como a cura de doenças, um bom casamento, ganhar dinheiro, exorcismo etc.

Na Índia não há igrejas cristãs que vendem milagres por um dízimo; não existem grandes organizações religiosas como aqui. Lá, em geral, o povo adora diretamente Durga (a energia Material) e Shiva (o poder masculino) também para obter deles benesses materiais: riqueza, poderes, fama, prazer sensual etc. É óbvio que, por isso, as adorações a Durga e a Shiva são as mais difundidas no meio da população ignorante da Índia e me parece que a novela esteja mostrando pessoas dessa categoria social.

Para ler na íntegra o artigo de Sripad Bhuvana Mohan Prabhu, acesse o site www.bhuvan.com.br